Segundo nota divulgada no site da Presidência da República no domingo (20/10), Lula “não viajará à cúpula dos Brics, em Kazan, devido a um impedimento temporário para viagens de avião de longa duração”.
“O presidente irá participar da Cúpula dos Brics por meio de videoconferência e terá agenda de trabalho normal essa semana em Brasília, no Palácio do Planalto”, conclui o texto.
De acordo com um boletim divulgado pelo Hospital Sírio-Libanês, o presidente foi atendido em Brasília no sábado (19/10) “após acidente doméstico, com ferimento corto-contuso em região occipital”.
“Após avaliação da equipe médica, foi orientado evitar viagem aérea de longa distância, podendo exercer suas demais atividades”, detalha o boletim.
Segundo o hospital, Lula “permanece sob acompanhamento de equipe médica, aos cuidados do Prof. Dr. Roberto Kalil Filho e Dra. Ana Helena Germoglio”.
Em entrevista ao jornal O Globo, Kalil Filho detalhou que os exames feitos no final de semana apontam que o presidente teve “mínimos pontos de hematomas” no cérebro após um “forte trauma” na parte de trás da cabeça.
Ainda segundo o médico, é “pouco provável que esse hematoma evolua”.
O que é ‘ferimento corto-contuso’ e ‘região occipital’?
Apesar do termo parecer algo complexo, “ferimento corto-contuso” nada mais é do que uma mistura de um corte com uma contusão, ocorrida após uma pancada ou um impacto.
Geralmente essa lesão afeta não só a pele, mas também alguns tecidos internos e gera sangramentos.
A equipe médica do Sírio-Libanês informou que o presidente levou cinco pontos na região do ferimento, para fechar o corte.
Pelas informações divulgadas pela imprensa nas últimas horas, Lula se acidentou no banheiro, enquanto estava sentado num banco e fazia os últimos preparativos para a viagem à Rússia. Ele teria caído para trás e batido a cabeça.
E daí vem a explicação para o segundo termo mencionado no boletim do Hospital Sírio-Libanês: a região occipital compreende a parte traseira do crânio, quase na fronteira com o pescoço e a nuca.
“Um hematoma geralmente é causado por um vaso sanguíneo rompido que foi danificado por uma cirurgia ou uma lesão”, explica o site do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos.
“Ele pode ocorrer em qualquer lugar do corpo, incluindo o cérebro. Em sua maioria, os hematomas são pequenos e desaparecem por conta própria, mas alguns podem precisar ser removidos por cirurgia”, complementa o texto.
Ao G1, Kalil Filho explicou que o quadro de Lula exige que exames sejam repetidos durante a semana, algo que é padrão para casos desse tipo e permitem verificar como a lesão evoluiu e se há necessidade de alguma intervenção ou tratamento.
“Qualquer sangramento cerebral pode aumentar nos dias subsequentes. Então, a observação é importante”, apontou o médico, que reforçou que o presidente “está bem” e “pode ter atividades normais”.
Além da necessidade de observação e repetição de exames nos próximos dias, outro fator que pode ter contribuído para o cancelamento da viagem é a duração do voo até Kazan, na Rússia.
Lula precisaria ficar longas horas no avião, cuja pressurização da cabine pode gerar algumas alterações na circulação sanguínea e na pressão arterial, segundo a Autoridade de Aviação Civil do Reino Unido e um estudo da Universidade de Oxford, na Inglaterra.
Esses fatores em tese podem agravar ou gerar repercussões imprevistas a um quadro como o do presidente — que, por precaução e orientação da equipe médica que o acompanha, participará da cúpula dos Brics pela internet.
A missão brasileira que vai para o evento será chefiada por Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores.